Memórias partilhadas 2 Turma de 2017

Data da Publicação: 23/02/2019


PASSOS DE UMA MULHER DA FAMÍLIA PASSOS

 

ALAÍSE FERREIRA DOS PASSOS FREITAS

 

Me chamo Alaísie, este ano completo 28 anos de idade. Falando um pouco sobre meu percurso na educação, posso iniciar dizendo que eu era uma peste na escola! Meus pais eram comerciantes (camelô), eu cresci no meio de mercadorias, vendas e calculadoras. Isso foi positivo, pois sempre fui estimulada a aprender.

Devido ao fato de meus irmãos e eu acompanharmos nossa mãe que alfabetizava jovens e adultos num curso disponibilizado pela igreja, nós aprendemos a ler, escrever e contar muito antes da escola. Tal fato fez de mim uma menina com muito tempo livre nas aulas, pois terminava a tarefa rápido, ajudava um pouquinho os colegas e depois ia conversar, fazer arte e etc.

Meus pais não criaram os filhos com separação entre menino e menina, meu pai levava para o campo de futebol meu irmão, minha irmã e eu, sem restrições. Em casa nós 3 brincávamos juntos, aprontávamos juntos e apanhávamos juntos. Mesmo meus pais não tendo quase nada de estudo e nem dinheiro eles nos ajudavam com tudo que sabiam.

Então cresci, sempre tive boas notas e quase nada de amigos. Tiravam sarro do meu cabelo, dos meus óculos (fundo de garrafa), minhas roupas, meu problema na dicção. Tudo isso passou.

Comecei minha vida de trabalho na feira, fui babá, empregada doméstica, entreguei panfleto de mercado, sempre com muito orgulho. Minha família me incentivou a cursar faculdade, então tentei o vestibular (último que houve na UNIR), passei na primeira tentativa.

Amei o período da graduação, amei o PIBIC, graças aos incentivos e broncas do Prof. Orestes (in memorian) me apaixonei por esse mundo de pesquisar. Passei em um concurso e hoje sou professora na rede pública municipal.

Estudei pouco para a prova, pois meu filho, que era apenas um bebe de 5 meses, teve muitas crises de refluxo, quase desisti, pois ninguém tinha tempo de me ajudar. Teve uma tia, que estava muito doente que tentou me ajudar, ela se propôs a “cuidar” do meu pequeno Adam, mas acabava eu cuidando dele e dela.

Próximo ao dia da prova, para a qual eu quase não estudei, essa tia ficou muito doente. Na madrugada da prova minha mãe me telefonou chorando, minha tia havia falecido. Eu ia desistir da prova, não estava com o menor ânimo e sabia que precisava ajudar no velório, mas minha família me intimou: Faça, era o que a tia queria.

Então fiz, não sei como, mas consegui ter ótimo desempenho e aqui estou no mestrado! Creio que tenho um longo caminho pela frente e só tenho a agradecer aos que me incentivaram, pois nunca tive ninguém que me impedisse de prosseguir.

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