Senta que aí vem história 12..... conhecendo a Turma PGECN 2018

Data da Publicação: 03/04/2019


Desafios me motivam a superar e fazer melhor

Thayse Oliveira Vieira

Moro em Ji-Paraná, tenho 27 anos e sou professora. Talvez escrever essa breve apresentação seja uma prévia do que se possa esperar dos meus agradecimentos quando eu puder dizer que sou mestre, afinal é impossível me descrever sem falar das pessoas tão valiosas que me acompanharam até aqui, então não estranhe. Nasci em Rondônia, dengo de vó. Graças a vários incidentes, inclusive um deles bem famoso, o golpe do presidente Collor de Melo, minha mãe e meu pai se viram desempregados, por este motivo fomos morar num sítio da família do meu pai, meu avô havia falecido, minha avó estava morando na cidade (Ji-Paraná) e o sítio abandonado.

Eu tinha seis anos e junto com meu pai, minha mãe e meu irmão estávamos morando naquele sítio sem luz elétrica. Eu estudava na escola rural e meu irmão, com apenas 12 anos, pedalava 12 quilômetros, para estudar o fundamental II na cidade vizinha. Na escola onde eu estudava havia de primeira à quarta série e como eu e meu irmão temos cinco anos de diferença aquela era a única possibilidade para ele não parar os estudos.

Não tínhamos dinheiro, meus pais estavam começando/recomeçando do zero, eu tinha febre de saudades da minha avó e meu irmão foi forçado a ter responsabilidades até então inimaginadas, assim, meu pai mesmo cansado cantava para nos distrair naquela escuridão e minha mãe tentava fazer daquele lugar um lar aconchegante.

Meus pais são duas pessoas sensatas, sábias e amorosas e com o passar dos anos eles foram construindo o que meu pai diz ser seu pé de meia. Quando eu cheguei à quinta série o ônibus já passava em frente de casa e não precisei fazer o caminho de bicicleta. Meu irmão concluiu o ensino médio e graças a minha tia, a única até então com curso superior na família, ele conseguiu uma vaga como bolsista do PROUNI, no primeiro ano do programa, for morar na cidade para estudar. Como todo garoto de sítio ele queria cursar agronomia, mas fez assistência social mesmo, até porque meu pai sempre avisou que não pagaria faculdade.

Eu continue no sítio com meus pais, quando cheguei ao ensino médio minha madrinha queria me levar para estudar na cidade, mas não tive coragem de deixar minha mãe sozinha, meu pai havia comprado seu próprio pedaço de terra, e passava os dias fora de casa.

Minha madrinha insistiu, acabei indo cursar o terceiro ano do ensino médio em Ji-Paraná, fui pra morar com ela, que me matriculou no cursinho, nas aulas de informática e tudo mais que ela encontrou, me deu livros, revistas, etc e tal.

Levei um choque, as aulas e todas as coisas eram bem diferentes, inclusive as pessoas. Fiz o ENEM ao final daquele ano, não estava cem por cento preparada, mas aquela era a minha chance, passei para Química no IFRO, Fisioterapia pelo PROUNI e Matemática na UNIR, como saúde não era a minha área, fiquei com a química. Fui aluna na primeira turma. Meu pai disse que não me sustentaria e que eu deveria arrumar um emprego, eu não aceitei a idéia porque queria me dedicar aos estudos. Resolvi tentar ser bolsista, e deu certo, com aquela bolsa fiz inglês e muitas viagens para congressos. Naquele meio tempo da graduação pude vivenciar experiências transformadoras, umas boas outras nem tanto.

Uau! Como eu cresci e amadureci, a menina que saiu da casa dos pais foi ganhando o mundo, o mundo que ela pôde conhecer através da faculdade, dos amigos que fez, do trabalho e das responsabilidades que assumiu.

Hoje o mestrado é mais uma porta para novos desafios e experiências, e por isso eu me inscrevi na primeira e na segunda edição do programa, eu não aceito um não tão facilmente, e desafios me motivam a superar e fazer melhor.

 

Fonte: Thayse Oliveira Vieira

Não foi encontrada nenhuma imagem.

Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência.