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Sou Filha de Mineiros...

Como uma boa filha de mineiros, que atravessaram o país em busca dias melhores, que procuraram um lugar onde pudessem permanecer e dar melhores condições a família. Assim, a busca por novos rumos e novas oportunidades, fez com que permanecessem no Paraná, onde constituíram a família com sete filhos.

Meu nome é Welica Moreira Sampaio, nascida na cidade de Foz do Iguaçu – PR, filha de Adelino Moreira Sampaio e de Dalila de Andrade
Sampaio, filha caçula entre sete irmãos e mãe de Julia Sampaio Lopes.

No Paraná, meu pai trabalhou no auge da construção da usina Hidrelétrica Itaipú, e mesmo com esse trabalho, tinha que se desdobrar e melhorar a renda. Nesse período, meu tio, que sempre esteve junto com meu pai, viu a oportunidade de toda a família ir para Rondônia, “a busca pelo Eldorado” tão divulgado pelos jornais da época, assim vieram as duas famílias e adquiriram propriedades rurais na região do “Vale do Guaporé”, localizada em Seringueiras/RO, mas se instalaram na área urbana de Cacoal e posteriormente em Alvorada D”oeste com suas famílias.

Assim, minha vida e jornada de estudos se iniciaram em Alvorada, tínhamos o sitio, e mesmo sendo agricultores, meus pais mantinham a casa na cidade para que os filhos estudassem e trabalhassem, e sempre com os cuidados da minha mãe. Com a mudança do meu tio para Ji-Paraná, novamente mudamos, o que favoreceram a jornada de trabalho e estudos para todos.
Nesse período da adolescência tive que morar com minhas irmãs em Ji-Paraná, ficar um período em Alvorada, e morar um período no sitio com meus, um ajuste para melhor conduzir essa fase que serviu para reflexão de vida. Quando retornei para Ji-Paraná, terminei meus estudos, casei. Para meus pais, terminar o ensino médio era muito importante para a vida dos filhos. Meus pais tinham essa consciência, mesmo tendo pouco estudo, faziam referência do cabo da enxada, como sendo os estudos dado a seus filhos.

Aos 10 anos estudei na área rural de Seringueiras, em uma sala de aula multisseriada de 1ª a 4ª série, e a experiencia foi curta, mas maravilhosa!
Tínhamos que auxiliar a professora para fazer a merenda em um fogão improvisado, e no intervalo íamos quebrar a cana no plantio ao lado da escola, essa era nossa diversão.
Tenham muitas lembranças de professores que passaram em minha vida, e digo que estes me formaram para ser quem sou na minha profissão, pois aprendi a perceber o professor que contribui para minha aprendizagem, e os outros que trouxeram reflexões que ajudaram em quem eu sou hoje.
Após me formar no Ensino Médio, fiz minhas primeiras tentativas para entrar na Universidade. Prestei o vestibular para Pedagogia e entrei na turma de 2009/2, na Universidade Federal de Rondônia. Escolhi o curso de Pedagogia, pela afinidade com o ensino que tive contato em casa, na igreja. E ainda, por favorecer o ingresso no mercado de trabalho, oportunizando um leque de oportunidades que favoreceriam o ingresso no mercado de trabalho.
A graduação em Pedagogia teve marcos desafiadores, mas que consistiram em um despertar para a vida, principalmente na profissional.
Durante a graduação, em 2010 tive minha filha Julia, o que me impulsionaram a continuar, mesmo com os desafios em estudar no período vespertino, devido conseguir emprego. O acompanhamento do desenvolvimento da minha filha, paralelo aos estudos na graduação oportunizaram melhor aprendizagem durante o curso.
Em 2012, saiu o edital de concurso, e me inscrevi, mesmo sem finalizar a Graduação me aprofundei nos estudos para passar em um concurso público. Já ciente da minha classificação em 1º lugar como Supervisora Escolar, no município de Ji-Paraná, comecei a lecionar na Educação Infantil no ano de 2013, em uma escola da rede privada de ensino, e logo fui chamada para assumir o concurso.

Como formadora, o estudo é continuo em descobrir e entender necessidades formativas na prática docente, em que o formar exige percepções apuradas, para que no momento oportuno se possa propor ações significativas, que potencializam o ensino aprendizagem.

Durante a trajetória como formadora tínhamos o suporte da Secretaria de Educação, por meio do Instituto Ayrton Senna, que possui uma proposta de trabalho com formações do Circuito Campeão voltada para Gestores, Supervisores e Professores da Rede Municipal de Educação. Atualmente temos o Programa de Alfabetização na Idade Certa, proposto pelo Gabinete de Articulação para a Efetividade da Política de Educação (GAEPE). Estes propõem formações específicas a fim de elevar o índice de aprendizagem no Estado de Rondônia.

A procura por novos horizontes de aprendizagem me fizeram ingressar no Mestrado em Ensino de Ciências da Natureza, neste ano de 2024. E hoje entre os sete irmãos, sou ainda a única a fazer o mestrado, herança essa deixada “in memoriam” ao meu pai. Nessa perspectiva de conhecimento, possibilita avança, em contribuições mais efetivas na minha trajetória na educação. Ainda, investir em conhecimento nos ajuda a coordenar melhor os desafios, a ter ações mais eficazes na formação de pessoas.